O AMOR E SUAS SOMBRAS: DESUMANIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL EM DO AMOR E OUTROS DEMÔNIOS
Resumo
Quem não tiver Deus, que tenha superstições. (Gabriel Garcia Marques)
É com o trecho do grande escritor Gabriel García Márquez que se inicia esta resenha. Escritor, jornalista, ativista político e editor, Márquez (1927-2014) figura entre os principais nomes associados ao realismo mágico. Nascido na Colômbia, tornou-se um dos autores mais influentes do século XX, sendo contemplado com o Prêmio Internacional Neustadt de Literatura, em 1972, e, posteriormente, com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1982. Entre suas obras mais celebradas estão Cem anos de solidão e Amor nos tempos de cólera. No entanto, o foco deste trabalho recai sobre Do amor e outros demônios, publicada em 1994, cuja inspiração remonta ao dia 26 de outubro de 1949, quando Márquez, exercendo o ofício de jornalista, foi enviado para acompanhar os trabalhos no convento das clarissas. As criptas estavam sendo esvaziadas para a demolição do prédio e construção de um complexo hoteleiro. No local, o autor deparou-se com uma cabeleira viva e intensa, de cor de fogo, com mais de 22 metros de comprimento, pertencente à lendária menina evocada nas histórias de sua avó, um dos episódios que motivaram a criação da obra.